quinta-feira, 28 de julho de 2011

O apelo da imaginação




Depois de escrito os versos
Escrevo o sentido.
Mãos postas em holocausto
Na súplica infinita de gestos
Sinto o despertar entrecortado
Da noite.


O sentido desabrocha
Como mistério fantasmagórico.
Temerário reconheço que existe
Desolação na implacável linguagem
De rosas suicidas,
Na hora da libertação final

As palavras sem rimas
Nem dimensão exata
São feitas para
O tamanho da comunicação.

Ando parado, esperando
O ressurgimento dos sentidos
Momentaneamente escondidos
Nas pétalas e nos abismos.


Vigilante, esperando os signos
Sinto que ainda brotam
Rebentos redivios
De meus olhos carregados
De imagens reticentes.

Tácito

quarta-feira, 20 de julho de 2011

M E T Á L I C A

Sobre as puras estruturas
Olhos saltam
Parábolas de sonhos
Insensíveis e quase dissolvidos
Pela umidade pestilenta
Dos pântanos imprecisos.


Nervos crescem
Comprimidos em becos escuros
De cansaço e solidão.
Compreendo, agora, o balbucio silente
Da mensagem de um gato
Que a madrugada enviou
Aos notívagos, que também,
O compreendem.

Seja feita a vontade da noite,
Voluntariosa e misteriosa,
Nas perdidas divagações oceânicas
De bêbados e prostitutas;
Da noite de abôrto de saudades e solidão.

Tácito

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A PEDRA



O menino fuma a pedra
Enche de fumaça a cabeça.
Melhor se a atirasse na vidraça
Da casa do vizinho.


O vidro se estilhaça
A cabeça se parte
O vizinho se zanga
O cachorro late.


A vida se esvai
Em nuvens de fumaça
Pedras atiradas
Pedras fumadas




A sina
Vidraças quebradas
Pedra infame
Assassina


Tão distante
Peões, pipas, figurinhas.
Banhos de rio
Futebol no terreno baldio.


Da pedra não brota semente
O menino joga a pedra
Na vidraça sua
E da gente.

Tácito

quinta-feira, 2 de junho de 2011

ÚLTIMO CANTO





Estranha Melodia
De palavras cansadas,
Dos olhos baços...


Canto tristeza mansa
Que na pálida face descansa
Das amantes coletivas...


Canto a madrugada silente,
Nostálgica, acalanto e mágoas
De eternos solitários...


Canto o amor que nunca senti
Que desejei em desvarios
Mas, nunca vivi..


Canto, além dessa planície,
Perto, já bem perto
Do alto cume da vida...


Canto assim a vida
Porque a vida é assim
Ausente de ti...ausente de mim...


Canto porque vim da vida
E para a morte me vou
Primeiro amor...logo no fim!

Tácito

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O OLFATO DE FATO !





Não é o tato, é o olfato.
É o cheiro, o odor que decide tudo.
Sinto o perfume do corpo,
Da alma,
E me entrego.Ou não.
O olfato me guia
O olfato é minha bússola
Atravéz do nariz
Encontro caminho pra ser feliz...

Tácito

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pupilas cegas.


O explendor cega pelo excesso de luz...


No silêncio desses olhos mudos
Dois mundos, duas retinas
São quimeras cristalinas
Sonho de meninas


Atentas observam
O pêndulo que oscila
Ora luz, ora treva
De almas que rondam


Trevas de pupilas cegas
Prisões eternas
Cegueira, onde ver é pensar
Tontas, cegas, da visão servas!

(Malditos olhos tristes!)

Tácito

quinta-feira, 19 de maio de 2011

ENFIM, O FIM. . .

Meu coração bate cansado,
em rítimo sempre mudado...
Parece dobres de sino
Numa tarde comovida de finados...


Na descadência do fluxo e afluxo
rolam lágrimas embotadas
do conta gotas da descrença...


Um suor gelado que cai,
Horas confusas, inclementes,
rosto molhado, impenitente...

Último acorde de sinfonia!...


E eu escutando, baixinho,
o batido,
lento
sonolento,
do coração se despedindo num diapasão de morte...

terça-feira, 17 de maio de 2011

DES (a) TINO



Inventam tudo
Você e Deus
Beco sem saída
E solução


Caso crio
Se crio caso
/ dilema
E ai Sheakspeare ?


Ser ou não ser?
Caso ou não caso?
Eis a questão...
Melhor comprar uma escada ?


Armo cilada
Pra ponto de interrogação.
Armadilha se fosse cedilha,
Confusão se exclamação!


Invento o se
Como única alternativa.
Invento o medo
Desvio o assunto...


Construo
Desmonto
Aponto
Com a escada alcanço...


O cimo
/da ponte
Entre a vida
E a morte.

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Faz sentido. . .



Tudo o que se tem para dizer
Está aqui nos teclados
Entre os dedos e a tela.

E só o obvio se faz presente
Como um dia qualquer
Em uma hora qualquer.

Quem da vida espera
Sempre desespera
Sempre esperou.

E este alguém
De tão ridículo Se faz riso
Penetrando sem querer os tímpanos.

A emoção escrita se apaga
Com a força dos dedos
Volta a se acender.

Assim, o símbolo vai e volta
Nessa correnteza imensa
De dedos, risos e teclas.

Tácito

sexta-feira, 13 de maio de 2011

ASAS E ASES


No cigarro aceso
Na fumaça que esvai...
No silêncio da sala
Existe um infinito...


Do silêncio às vozes
Abismo que paira em nós.

Vez por outra
Desejo ardente
Um ou outro pensamento
Nos acorrenta ao presente...

...como elos nos une
As carícias ousadas,


Sonhos sentidos
Desejos saciados
Vitória de cartas
MARCADAS

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