quarta-feira, 16 de março de 2011

THANATOS



Busco no silêncio o esquecimento.
O intocável silêncio das Galáxias.
Lá sou espírito,
lá tenho alma.
A morte faz calar as palavras,
Trás o silêncio que almejo.
E, junto à escuridão, oportuno ensejo,
na hora da morte.
Choramos ou sorrimos,
Depende da luz,
Da vontade de vida,
Da vontade da morte.
Minha morte, nada a ver com a sorte,
Somente a rima.
Nenhum poema,
Torno ao silêncio.
Silêncio inspirador,
Meu mundo profundo.
Sem beleza,
sem cor,
mundo eterno.
Abissal, profundo.
Em ti a saudade,
com serenidade te espero.
Vislumbro embevecido,
De novo silêncio.
Profanado pela voz,
Também silenciosa,
voz de suicida que o torna vivo,
mesmo após a morte.
E de sorte, toda a certeza de que nada lhe espera.
Visto loucas fantasias,
namoro a vida,
me apaixono pela morte.
Musa que me inspira,
Busco em ti antigos vínculos,
Antigas heranças, outras vidas,
Só lembranças.
Caminho inexorável para tua cama.
Nenhuma rima, nenhum poema.
Melodia, de dia.
No silêncio, doce agonia.
SEPPUKU, penso no ritual,
Olhos fechados, silêncio,
doce ternura.
O êxtase então ouço ao longe,
tua voz dizer: Nunca mais...
Só a luz é real, não precisa de sons,
emerge na escuridão,
rompe a letargia.
Ansioso, espero para transpor os umbrais.


“... Palha que o vento leva para fora da eira no tempo do estio.”
Dan. 2:35



T@CITO/XANADU

2 comentários:

Guará Matos disse...

E você me deixou deveras feliz e emocionado com o seu comentário. Aí chego aqui e leio essa obra prima à vida.
A vida em todas as dimensões.
O que dizer além de sorrir!

Abraços.

Maria Ribeiro disse...

Poema "GRANDE", ao seu estilo! Faz pensar naquilo que nem, de perto,queremos ouvir falar...
Por muito que não queiras estabelecer a ligação ao período romântico das LITERATURAS, REVê o pré-romântico português BOCAGE! Sonetos que são um hino ao descanso eterno! com uma agravante: o recurso a figuras da mitologia ,ligadas à ideia da MORTE!
Adorei, PAULO!
Um beijo
MªELISA