sábado, 11 de dezembro de 2010

N O T U R N O

NOITE,
As aves noturnas, em seus momentos perálticos,
Perturbam o silêncio das casas abandonadas,
Semi-demolidas pela erosão dos dias
Na lei destinável das coisas.


NOITE,
Os vegetais choram de frio.
Uma barriga ronca de fome.
Um estranho cruza comigo,
E me olha na indiferença do desconhecimento.


NOITE,
Alguém em algum lugar, geme de dor.
Uma criança raquítica, tosse no quarto,
Um outro, chora de medo e acorda do sono enfatizante,
A mãe esquelética e cambaleante.


NOITE,
O pai, inerte, dorme indiferente.
Um cão uiva de desespero.
Uma virgem, entrega-se facilmente
Ao moço-sádico que jurou-lhe amor eterno.


NOITE,
A lua desaparece bêbada e sonolenta
O sol acorda sorrindo
E vomita mais um dia de tristeza,
Na vida de quem consegue acordar.

Tácito

5 comentários:

Guará Matos disse...

Mas eu ainda grito:

Viva a felicidade!
Abraços.

Wanderley Elian Lima disse...

A noite e seus mistérios, sons e gemidos. Tudo acontece sob o olhar indiscreto da lua.
Abração

Maria Ribeiro disse...

T@cito_ XANADU:Na noite tudo é possível mas também no dia...EXCETO...a lua e esse seu amargo pensamento ,apetece dizer como teu amigo "VIVA A FELICIDADE"Beijo
LUSIBERO

Maria Ribeiro disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Denise Guerra disse...

Existem noites felizes, sonolentas do prazer do descanso em paz no travesseiro, depois de um dia de dever cumprido. Dizem que a noite todos os gatos são pardos, mas, se iluminarmos eles terão as cores que lhes são peculiares. Adorei a foto do cabeçalho do blog! Boa semana! bjs!