quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Á R V O R E


Não sou árvore de parque
Orgãos vege-vitais à mostra,
a crosta
aorta
Paramenta a sebe com
seus ossos-folha
E juntas velam a terra.

Sou árvore do pântano
Parte de um cenário nevoento
Tempestades agitam-me
a coma verde-negra,
e o tronco já não tão rijo
Muitas vezes verga
pelas nortadas.

Essa árvore sou eu!
Os poucos frutos que dei
Não nasceram da seiva
poucos surgiram, e não colhidos
Caíram apodrecidos.

Envelheci em meio a tormentas
Nunca servi de lar ou repouso.
Longo tempo há de passar
até que se complete o ciclo
senão,
não se completa a vida
e não se diviniza a morte.

Então serei quem quero ser!
Encontrarei todas minhas sementes.
Raízes aladas
nutrirão o pensamento.
E nem tocarão a terra árdua
do instante.
Serei móvel
e voadora.
Voarei, e beberei
das águas das estrelas.

Quem vier depois nada saberá
Quem vier antes irá ignorar
Quem ouvir nada contará.
O gemido do mundo ruindo,
das árvores apodrecendo,
da vida acabando...
Dou-te um pouco dos meus anos
como antídoto,
único recurso que disponho
à mercê do tempo que desmorona.

4 comentários:

M@rli Oliveir@ disse...

As árvores mesmo não sendo frutíferas, desempenham sua função natural e beneficiam a todos no meio em que vive, mesmo quando morre, decompondo-se transformam-se em matéria orgânica para alimentar outros seres,outras espécieis.

"Você é uma árvore frutífera, que já deu muitos frutos e frutos dignos de aplausos. Eles repercutem até hoje".

Beijos em versos!!!
Ao meu poeta predileto.

Layara disse...

Sou árvore
E o tempo passa
Se não dei frutos
Valeu a Sombra
Valeu as Flores
Valeu ser recanto dos pássaros
Valeu ter brotado em cada ciclo
semente,raiz,tronco,galhos,folhas,sombra.

Beijos Poeta de raizes profundas.

Whesley Fagliari disse...

Grande poeta amigo,

Passei para degustar suas gotas de luz e versos unicos... que forte e magica poesia que encontro aqui... sempre! Quem se alimenta e se inspira aqui sou eu... Obrigado por isso tb!

Luz e paz!

Com carinho,
Whesley Fagliari

Ângelo disse...

Excelente.

Como sempre, cresci bastante lendo os seus versos.
É sempre bom encontrar a sombra de uma frondosa árvore poética no meio desse ensolarado deserto televisivo em que o mundo está se tornando.

Grande abraço