segunda-feira, 7 de setembro de 2009

BRASIL


O nome Brasil rasgado
por mãos de lobos
por longos caninos
por sinfonias enlouquecidas
em matilhas e escárnios.

O nome Brasil adoecido em gargantas
de aves malígnas oriundas
das sombras
dos poderes subterrâneos
das lagoas da Morte.

O nome Brasil corroído
pela torpeza de abutres
por vorazes tentáculos.
(Como ferem e esmaecem
as letras banhadas desde cedo
nos périplos de nosso sangue!)

As trêmulas bocas
desaguam seus pavores
sua sequidão
pelas ruas do pânico.

As mais áureas cadeiras
as mais altas vozes
são barro e abismo
às legiões em sonhos.

O nome Brasil perde
o verde e o ouro
os rios e o sol
nos ventres desvairados.

Línguas de ruminantes
a flutuar sobre
natimortos e horrores.

O nome Brasil palpita no fel e na noite
(loba a soluçar por filhotes
esquálidos sugados
pela insanidade dos ventos).

O nome Brasil - ave alvejada
em ninho decoberto
por infernais mandíbulas
por nédias mãos ocultas
por baús de corsários palacianos
- a debruçar-se em prantos.

O nome Brasil
(impaciência em chamas)
no macerado rosto dos homens
no tremor das flores e veredas.
(Poesia Panfletária de Joanyr de Oliveira)

4 comentários:

T@CITO/XANADU disse...

JOANYR DE OLIVEIRA, nasceu em Aimorés/MG. Organizou o primeiro livro editado na nova capital federal: Poetas de Brasília,1962. Publicou outras quatro coletâneas.
Tem contos e poemas em antologias editadas no Brasil e exterior.
O que me chamou à atenção, foi o tanto que sua poesia permanece atual...
Neste dia que se comemora nossa "independência", vale uma reflexão sobre essa pseudo-Independência. Ou não?

mARa disse...

Sim, vale uma reflexão.
Refletindo, então.

Beijos Poeta!

ótima semana com muita Luz (sem economia)

Anônimo disse...

Deixo-te um Beijo de Vento.

ótima semana!

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

se naquela época ele via o Brasil assim como ele vê o Brasil hoje? contundente ... parabéns pela partilha ...

bjux

;-)