segunda-feira, 2 de novembro de 2009

AMANHECENDO


Manhãs vão chamando outras manhãs
A manhã é geral
Aqui e ali, e além
Além da terra
Além do cerrado
E de passagem derrama
Cristal de claridão
Em minutos, quando o sol
Entrar pela janela
Irá inocular calor
Em meu corpo, que já desenha
No assoalho
Os primeiros contornos
Da minha fuga
Tomo o café na rua
Visto a fantasia de verme
Abro os cadeados do dia
Metais tinindo ao sol
Zoeira de buzina
Serei assim assado
Dentro do trânsito
É pouca a página
Para descrever
O campo de batalha
Ninguém ouve
O desovar de uma vida
A minha vã prosopopéia
Dá a idéia de ser
Inútil, sem esperança
A minha vã poesia
Dá um contorno de fotografia,
Brilhoso e distante.
Hoje não passarei no
Bar da esquina
Tenho medo de
Lá me deixar ficar
E reescrever esse poema
Que se fez por si só
Pedaço por pedaço
Triste de ser solitário
Num apogeu de sol.
Não tenho os olhos
E as mãos de hoje cedo.



3 comentários:

mARa disse...

Amanhecer de incertezas, os dias todos os dias uma aurora que brilha sonhos em meio aos medos dos dias.

Beijos de Encanto em teu triste canto.

FrancK Lavd disse...

Parabéns pelas postagens, gosto muito!

Indiquei o seu blogue para o Selo/Prémio "Excellent".

Se gostar pode pegar no meu blogue:

http://franckplavdpremios.blogspot.com

Está na postagem de 3 de Novembro.


Abraço,
FrancK

Maria Ribeiro disse...

XANADU: adorei este teu poema!É um POEMA-VIDA! "Todos os cinco sentidos num só confundidos..."(palavras de GARRETT)= VIVER!
Sinestesias profusamente colocadas, em todo o poema, são sinais de vivências expressas, que dão nota de um VISUALISMO ,tremendamente impressionista:chamando,claridão,entrar,calor,tinindo, desovar, olhos, mãos, etc....
BEIJO DE AMIZADE DE LUSIBERO