Capítulo Sexto
Epílogo
A fala encontra o entendimento, e ele nasce da fala, mostra a face. Jogo de busca e oferenda a contenda entre o olho e a distância.
A fala o sentimento abala, e faz mentira. Mente e se retira desprotegendo o que a poesia inventa ao vento comovido.
Quando o Elfo poeta morreu, houve um grande silêncio. a dor não deu resposta, apenas houve um breve carpir de trêmulas avenas e lágrimas de luar nos horizontes liláses. E a triste voz do vento, a deslizar, chorando, um nome de mulher passou pronunciando, e fugaz como o amor perdeu-se no espaço...
O altiplano verdejante estava misteriosamente claro sob o beijo da síncope lunar. Silvanos, cirandando voos livres, coroavam o corpo branco do poeta que morrera. Flores do cerrado e as violetas, os lírios e as rosas, guarneciam o esquife onde jazia o corpo branco do poeta do silêncio.
Os Elfos todos na noite, a noite nos Elfos todos. De repente na planice choro agudo de uma ave azula o prateado de longe. Os Elfos enchem os peitos, o pássaro vai chorando nos engastes do silêncio. Cantam os Elfos, com as cores dessa agonia; seu canto é grave como as certezas perdidas e o choro esguio da ave.
Vieram pois, todos os entes encantados. Na poeira de ouro de suas vestes cerimoniais dançavam a mágoa e a nostalgia. E a coreografia era tão leve, que parecia pétalas caindo sobre o tapete de folhas caídas.
Depois, cessaram todos os gemidos, morreram todos os soluços, todos os gestos se acalmaram, ninguém mais dançou. E sob a luz dos pirilampos, a rainha dos Elfos proferiu a pungente canção da despedida, (a letra da canção era do Elfo poeta).
A voz cristalina, cavalgando as brisas, percorreu todo o reino da blogosfera. Foi orvalho de prata nas matas; foi brusco estremecer de água parada; foi gemido de dor para as aves noturnas. E era tão triste aquela voz tão doce, que as violetas sensíveis do prado, que rodeavam o corpo do poeta, curvaram as suas pétalas fragantes e morreram também.
Nesse instante, tudo se transfigura: O recanto Xanadu se alonga numa loiríssima aparição. A pequena Dríade, toda ela simplicidade, clara como o luar, pura como a verdade, vem clamar:
- Tem piedade da que vive na terra, entre o brilho sem luz que o mundo agora encerra, sou alma infeliz que não pode sonhar...
Ouve passadas soturnas de desgostos, lágimas quentes escapam dos seus olhos, estrangula-se o querubim que se agasalha no teu peito, e que é o seu amor.
- jamais te esquecerei querido, a ternura contida em teu olhar jamais. Choram flautas na noite insone, são saudades que não me abandonam mais. Tenho preso no olhar meu pranto arrependido, o pranto que é um cristal partido, comovido por tudo, meu amor, quanto te fiz sofrer. E desejo em tuas mãos bondosas, deixar a torrente de lágrimas desfeitas, pedindo o teu perdão sensível de poeta apaixonado...
e dizendo isso, a Dríade partiu em nuvem branca, transitando pelo azul. de quando em vez, um entrechocar de ventos e as nuvens se escurecem chicoteando a terra com nesgas líquidas de chuva, deixando um semblante de tristeza ensombrecer a vastidão...
Os Deuses contemplam e sorriem.
F I M
Qualquer semelhança dos personagens desse conto, com pessoas vivas ou mortas, não terá sido mera coincidência...
7 comentários:
Adorei seu blog, Tácito.
Adorei esse seu texto.
Passarei com amis tempo, para ler mais.
Estarei por aí, te seguindo.
bjs
Rossana
Adoro essa sua poesia etérea, meio mágica, meio terra....
Um dom...
Sorte a minha poder te ler... risos....
Amigo
finalmente li seus textos
e fiquei radiante com
seus escritos.
Um abraço
Alvaro
Era uma vez ... simplesmente mágico tudo isto ... extasiado com tamanha beleza e sensibilidade ...
;-)
rsssss.Amei!
Melhor mesmo deixar as dríades sossegadas em suas árvores, a morte é certa se as magoarem.
Elfos e Poetas Poetas e Elfos...
Parabéns!
Quanto aos duendes do mal do senado, poderiam eles mexer com uma dríade? (vai vendo, roubei do JOta Cê, esse chavão, acho lindo tbm. Vai Vendo.)
...Elfo Poeta...
triste esse conto...
Beijos!
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semelokertes marchimundui
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